O crédito privado se recuperou após a crise da Americanas em 2023, mas enfrenta desafios para atrair emissores e investidores.
Após o impacto causado pela crise da Americanas no início de 2023, o crédito privado conseguiu se reerguer, porém enfrenta obstáculos para atrair emissores e, sobretudo, investidores.
O financiamento privado tem se mostrado uma alternativa viável para empresas que buscam expandir suas operações de forma sustentável. Com a retomada da confiança no mercado, o crédito particular tem ganhado destaque, proporcionando oportunidades de crescimento para diversos setores da economia.
Desafios e Oportunidades no Mercado de Crédito Privado
Ainda é desafiador para os investidores de pessoa física adentrarem diretamente no universo das debêntures e certificados de recebíveis imobiliários e do agronegócio (CRIs e CRAs), sem recorrer aos fundos de crédito, como destacou Ana Rodela, líder de análise e gestão de crédito da Bradesco Asset Management, durante um evento promovido pela B3 e pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) na última quinta-feira (6).
Rodela ressaltou que, embora a maioria dos papéis privados esteja sendo avaliada de forma realista e transparente atualmente, ainda há uma carência de plataformas que consigam resumir as informações de maneira acessível aos investidores. O grande número de emissores e emissões torna a tomada de decisão um processo complexo para os investidores individuais.
Para facilitar a inclusão de papéis de crédito nas carteiras dos investidores, é essencial simplificar as informações, desde os códigos até os riscos dos títulos, conforme apontado por Rodela. Ela enfatizou o potencial da classe investidora na democratização do acesso às empresas, mas ressaltou o desafio representado pela escassez de informações sobre empresas de menor porte.
Os fundos que investem em crédito necessitam prestar contas e disponibilizar informações públicas, devido à pressão dos reguladores. A existência de demonstrações financeiras auditadas é crucial para avaliar a veracidade dos números apresentados. Rodela questionou a capacidade de crescimento da indústria de fundos sem a entrada de novos emissores no mercado, destacando a importância de um cenário favorável para todos os envolvidos.
Luciene Machado, superintendente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) responsável pela estruturação de projetos, salientou a necessidade de auxiliar o mercado na compreensão de títulos de renda fixa, como as debêntures incentivadas e de infraestrutura. O BNDES tem apoiado o avanço do crédito privado, mesmo diante da ausência de novos instrumentos, demonstrando a capacidade do mercado em desenvolvê-los.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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