Os generais brasileiros de alta patente que participaram do governo de Bolsonaro tentaram interferir nas eleições, diz ministro do STF.
O decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, declarou que os militares brasileiros que integraram o governo de Jair Bolsonaro (PL) e se envolveram com a tentativa de golpe de Estado liderada pelo ex-presidente investiram no caos do dia 8 de janeiro para justificar a intervenção.
Em meio à confusão e desordem política, a postura dos generais durante o tumultuado episódio foi duramente criticada, levantando questionamentos sobre a estabilidade democrática do país.
Crise e Caos: Reflexões do Ministro Gilmar Mendes
O ministro Gilmar Mendes, figura decana do STF, expressou críticas contundentes em uma entrevista recente sobre a participação de militares em eventos ocorridos em 8 de janeiro. Em suas palavras ao renomado jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), Gilmar enfatizou que, desde a redemocratização do país, a gestão do presidente Bolsonaro representou um dos principais desafios ao regime político brasileiro. Isso se deve, em grande parte, à presença marcante de militares de alta patente ocupando cargos-chave no governo e ministérios.
O ministro destacou as pretensões das Forças Armadas de validar o resultado das eleições de 2022, uma atribuição que nunca foi destinada aos militares. Gilmar descreveu essa tentativa como uma ameaça sem precedentes desde a redemocratização, ressaltando que os militares estavam apostando no caos como meio de obter poder para intervir, embora estivessem em minoria nessa empreitada.
Ao refletir sobre os ataques perpetrados por apoiadores de Bolsonaro em janeiro passado, Gilmar questionou o que havia sido feito de forma equivocada para chegar a tal ponto e o que poderia ser feito para evitar que situações semelhantes se repetissem. Ele apontou uma correlação entre a tentativa golpista e a falta de regulamentação das grandes empresas de tecnologia que controlam as redes sociais no Brasil, conhecidas como big techs.
O ministro mencionou o inquérito das fake news como uma resposta do tribunal à disseminação crescente de desinformação nas redes, enfatizando a importância de as empresas que operam no Brasil seguirem a legislação do país. Além disso, Gilmar relacionou a operação ‘lava jato’, da qual é crítico, com a ascensão do bolsonarismo, que alimentou os ataques golpistas de 2023.
Ele apontou que os envolvidos na ‘lava jato’ se aproveitaram de lacunas para ganhar influência política, citando o caso da nomeação de Sergio Moro para o governo Bolsonaro em 2019, o que expôs distorções nos julgamentos. Gilmar ressaltou que ficou evidente que Lula não deveria ter sido condenado nessas circunstâncias, destacando a necessidade de uma análise crítica dos eventos que levaram à atual situação de confusão e desordem no cenário político brasileiro.
Fonte: © Conjur
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