Colégios devem acolher alunos com deficiência, mas enfrentam obstáculos no cumprimento da lei. Falta preparo dos professores e desconhecimento sobre como agir. A inclusão plena é essencial.
Entre os anos de 2023 e 2024, foi observado um incremento significativo no número de casos de crianças e jovens diagnosticados com autismo no Brasil, atingindo um total de 710.320 matriculados em salas regulares, conforme informações do Censo Escolar.
No entanto, apesar do aumento no número de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nas escolas comuns, ainda há desafios a serem enfrentados para garantir a inclusão e o desenvolvimento adequado desses indivíduos. É fundamental promover a capacitação de professores e a conscientização da sociedade sobre as necessidades e potenciais das pessoas com autismo.
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O crescente desafio da inclusão de autistas nas escolas
A presença desse grupo nas escolas vem crescendo rapidamente, como é possível observar no gráfico abaixo. Em 2017, o total de alunos com Transtorno do Espectro Autista, TEA, em escolas públicas e privadas não chegava nem a 100 mil, mostra o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Agora, de um ano para outro, surgiram 200 mil novas matrículas.
Há duas explicações principais para esse aumento: maior capacidade diagnóstica das equipes de saúde e conscientização sobre a importância e a obrigatoriedade de acolher as crianças com TEA.
Cientistas e profissionais da educação reforçam que a convivência entre pessoas com e sem deficiência é benéfica para todos – tanto do ponto de vista social (compreensão das diferenças, cidadania, melhora na capacidade de comunicação) quanto do cognitivo (a escola deve apresentar os conteúdos de maneira que todos os estudantes possam aprender e desenvolver o pensamento lógico, o raciocínio matemático ou conhecimento histórico, por exemplo).
O problema é que a matrícula é só o primeiro passo – e as etapas subsequentes ainda deixam a desejar. Não basta ‘permitir’ a entrada da criança.
Incluir é muito mais do que colocar todo mundo na mesma sala’, afirma Renata Tibyriça, defensora pública do Estado de São Paulo.
Os desafios enfrentados no acolhimento de alunos com autismo
No entanto, pelo que o g1 apurou a partir de entrevistas com professores, pesquisadores, defensores públicos, familiares de pessoas com autismo e os próprios indivíduos com TEA, há ainda os seguintes obstáculos: formação frágil de docentes e funcionários, que acabam indo atrás de preparo por iniciativa própria, sem apoio da escola ou do governo; falta de adaptação de atividades e aulas; desconhecimento sobre como agir diante de surtos de agressividade e de outros possíveis sintomas; bullying; cobrança de taxas extras na mensalidade (prática ilegal); descumprimento do direito a um acompanhante contratado pelo colégio; evasão escolar e ausência de recursos para lidar com os diferentes tempos de aprendizagem.
A importância do combate ao bullying entre alunos com TEA
Os autistas são vítimas perfeitas do bullying, diz a literatura científica. Não temos sinais físicos de deficiência e apresentamos inabilidade social. Quanto mais leve for o autismo, maior é o risco de outras crianças e jovens praticarem bullying.
Nos casos mais severos, com o transtorno mais nítido, acontece menos’, conta o psicopedagogo Lucelmo, que tem TEA. ‘Minha experiência foi extremamente traumatizante e violenta. Eu sofri em todas as escolas’, lembra.
Ele diz que as escolas devem investir em canais de denúncia de bullying; palestras sobre diversidade que incluam famílias e alunos; definição do que será feito caso algum episódio de discriminação aconteça; treinamento de habilidades sociais para todos os alunos que tenham prejuízos na socialização.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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